Salina – The last vertebra

Salina - The Last Vertebra, play written by Laurent Gaudé. The play proposes a deep involvement into an ancient Africa to tell us an universal and timeless story about the hate and forgiveness. The show is inspired by African-Brazilian traditions – especially Congado (a kind of theatrical and religious performance) and Candomblé –, but also formed by elements coming from different civilizations, as the Greek tragedy and African epics.

Salina is a young woman forced to marry and raped by her husband, son of the King of Djimbas. Accused of letting her husband die on a battlefield, she is banished from the city and exiled in the desert, where she feeds the desire for revenge. From his hate is born a son who wages a war against the Djimbas, until an amazing turnaround happens in the destiny of Salina.

The show was conceived from a project which has involved several steps: training for the actors, research about scene and artistic interchanges. In this way, a new Africa has been invented. A symbolic territory has been created, where we were able to produce an identity covering mixed races and offsprings. This outcome is the meeting of several African cultures and different points of view and exchanges that took place during the project execution.

Salina (The Last Vertebra) debuted in 2015 and received the Shell Best Costume Awards (Ana Teixeira and Stephane Brodt), Shell Innovation Award (Ana Teixeira), APTR Award for Best Supporting Actress (Graciana Valladares), choreography and body preparation (Tatiana Tibúrcio), Valve of Escape / Looks of the Scene (POA) of spectacular direction, direction, costumes (Ana Teixeira and Stephane Brodt), dramaturgy (Laurent Gaudé) and supporting actor (Cridemar Aquino), besides theCesgranrio (Best Performance, Direction and Costume), Shell Award (Direction, Actress), Criticism Award (Costume), Cenym Award (Best Actress, Theater Company and Costume Design) and APTR Award (Direction and Costume). The show toured China (Beijing, Yangzhou, Nanjing, Shanghai, Hangzhou, Wuhan and Jiashan) with great critical and public success.

 

“Eu lhe dou o que tenho de mais precioso para que cessem hoje os golpes, o sangue e as vinganças obstinadas”.

Laurent Gaudé






CAST AND CREATIVE

Text Laurent Gaudé
Direction Ana Teixeira e Stephane Brodt
Cast
- Salina Ariane Hime
- Saro e Mumuyé Cridemar Aquino
- Sowumba Graciana Valladares
- Mama Lita Luciana Lopes
- Kwane M’krumba Reinaldo Junior
- Oráculo Robson Freire
- Sissoko Djimba Sergio Ricardo Loureiro
- Alika Sol Miranda
- Khaya Djimba Tatiana Tibúrcio
- Kano Djimba Thiago Catarino
Músic Fábio Simões Soares
Assistant director Vanessa Dias
Choreographies Tatiana Tibúrcio
Lighting Renato Machado
Costumes and scenery Ana Teixeira e Stephane Brodt
Puppets construction Maria Adélia
Musical instruments construction Fábio Simões Soares
Translation Ana Teixeira
Recension (revision of the text) Sol Miranda
InterchangeMestre Jorge Antônio dos Santos, Márcio Antônio dos Santos e Fabiano Melo da Luz (Congado dos Arturos). Grupo Odi de Moçambique
Graphic designPaulo Lima
Production Amok Teatro e Eureka Ideias/Sonia Dantas




TEXTS

CARTA DO AUTOR

“Salina" é uma peça impossível. Não foi sensato escrevê-la. Hoje em dia, assim como na época, para um jovem escritor que quer ver suas peças montadas, o melhor seria optar por uma peça num formato mais comportado: uma duração que não exceda uma hora e com, no máximo, dois ou três personagens. "Salina" é desmedida. Basta pensar: um tríptico com dezenas de personagens. Qualquer um diria: "muitas pessoas, muito longa, muito cara..."

Mas será que devemos parar de escrever peças como esta? Eu sempre achei que não. Que o teatro morreria se não tivesse textos impossíveis para montar. Porque eu sempre amei esta frase de Antoine Vitez que, falando sobre o autor, diz: "sua solidão, sua inexperiência e mesmo sua irresponsabilidade, são preciosas para nós." Eu acredito nisso. Que o papel do autor não é de prever, em sua escrita, a viabilidade ou não das cenas. Senão, não haveria mais Claudel ou Shakespeare. Ele está aqui para produzir o impossível. Cabe às pessoas de teatro, diretores e atores realizarem esse impossível no palco. Eu escrevi "Salina" para este teatro utópico que eu amo, porque ele é capaz de conter o mundo inteiro num palco.

O que é maravilhoso com o teatro é que ele é uma arte da surpresa, logo, do espanto. Eu ficaria incrédulo se me dissessem um dia que "Salina" seria montada no Brasil. Este é um tema de profundo espanto para mim, ver como os textos têm vida própria, como fazem seus próprios encontros. "Salina" encontrou o Amok Teatro. Que alegria para o autor que eu sou... Imaginar que meus personagens serão encarnados aqui, na terra de vocês.

Ver se desenvolver uma aventura teatral rara, profunda, que mistura criação artística, cuidado com a transmissão, engajamento. Este é o teatro que eu amo. Eu fiquei imediatamente sensível ao projeto de Stéphane Brodt e Ana Teixeira porque, a primeira vez que nos vimos, eles me falaram de "Salina", não como um simples projeto de encenação, mas como uma aventura teatral global. Um ano de ensaios. Um trabalho com um amplo grupo de atores e atrizes. Uma reflexão sobre as raízes africanas do Brasil. Tudo isso me toca e me interessa. Tudo isso me faz acreditar na força profunda do teatro.

"Salina" está aqui, hoje, diante de vocês com seu rosto brasileiro. Eu sou incapaz de lhes dizer como isso foi possível. Mas eu sei que isso prova como o teatro é uma arte do encontro. Um lugar para compartilhar nossas questões e nossas emoções. E quando a peça começar, antes que Salina chame Mama Lita, prestem atenção, escutem bem, na sala, vocês escutarão talvez um sussurro, que será o meu, e ele deslizará suavemente esta palavra no escuro: "Obrigado"...
Laurent Gaudé








VOLTAR